Cavalhada de Atibaia celebra mais de dois séculos de tradição no dia 26 de dezembro
Manifestação histórica do Ciclo Natalino reúne fé, cultura e identidade atibaiense
A Cavalhada é uma das manifestações culturais mais tradicionais de Atibaia, preservada há mais de dois séculos e reconhecida como um dos símbolos da identidade do município. No dia 26 de dezembro, os cavaleiros irão se concentrar a partir das 8h na propriedade de Claudio Binatti, de onde iniciarão o trajeto a partir das 9h, com previsão de chegada às 10h na Igreja do Rosário, onde receberão as bençãos do pároco. Depois, seguirão em cortejo pelas ruas da cidade em um ato de fé e devoção a Nossa Senhora.
Em respeito a essa tradição secular, a Prefeitura de Atibaia tem realizado reuniões com a comissão organizadora e oferece total apoio à execução não apenas da Cavalhada, mas de todos os eventos que integram o Ciclo Natalino. Participam da logística e da estrutura da festividade as Secretarias de Mobilidade e Planejamento Urbano, Agricultura, Serviços, Educação, Meio Ambiente e Defesa Animal, Segurança Pública, Cultura, Comunicação e Turismo, com o objetivo de garantir segurança aos participantes e à população, proteção aos animais e organização das vias públicas, assegurando a continuidade dessa expressão histórica e cultural.
Informações detalhadas sobre a Cavalhada — como alterações no trânsito, apoio operacional, definição de trajeto e atuação das secretarias envolvidas — foram publicadas em decreto na Imprensa Oficial do Município.
História
Registros históricos indicam que as manifestações do Ciclo Natalino – incluindo as Congadas e a Cavalhada — já eram realizadas em Atibaia desde o final do século XVIII e início do século XIX, consolidando-se como tradições transmitidas de geração em geração.
De acordo com a pesquisadora Lilian Vogel, no livro “Viva São Benedito! Viva a Mãe do Rosário! – A dança da Congada e as tradições seculares em Atibaia no Ciclo Natalino”, durante muitos anos a Cavalhada ocorreu fora do período tradicional do Ciclo Natalino para não prejudicar o comércio local. Essa mudança, porém, acabou enfraquecendo seu caráter religioso. “A partir de 2001, a Cavalhada voltou a acontecer no dia 26, não importando qual o dia da semana”.
Simbolismos
A Cavalhada é marcada por forte simbolismo. Conta-se que os cavaleiros buscavam o “festeiro”, conduzindo-o em cortejo pelas ruas centrais da cidade. Eles partiam do bairro da Ponte, subiam a Avenida São João, passavam pela antiga Casa de Câmara e Cadeia (atual Museu Municipal), contornavam a Igreja Matriz de São João Batista e seguiam pela Rua José Lucas até a Igreja do Rosário, onde realizavam as tradicionais três voltas.
À frente vinham os mascarados, que cortejavam as donzelas e trocavam flores lançadas das janelas das casas. Na última volta, o “rei” desmontava, entrava na igreja para suas orações, enquanto a Banda Musical já se apresentava no centro da cidade. Em seguida, voltava a montar e era conduzido pelos demais cavaleiros até sua residência, encerrando o cortejo.